Contexto
Em iniciativas de planejamento estratégico e transformação digital, é comum haver um distanciamento entre o que foi definido como objetivo e o que de fato está sendo executado. O Painel Estratégico atua como uma “ponte” visual e gerencial entre estratégia e arquitetura, tornando visível a evolução estrutural da organização. Garante uma gestão eficaz, sendo especialmente útil para consultores, gestores, arquitetos corporativos e líderes envolvidos em grandes mudanças organizacionais.
APLICABILIDADE
Este guia é indicado para projetos onde a arquitetura corporativa apoia a execução da estratégia. Veja a seguir quando aplicá-lo:
- Em projetos de planejamento estratégico conduzidos por arquitetura corporativa
- Para acompanhamento de roadmap de transformação
- Em reuniões de governança com diretoria ou conselho
- Como ferramenta de prestação de contas e visibilidade da consultoria
Descrição do Processo
- COMPONENTES DO PAINEL
Aqui entra o “como fazer”. O painel pode variar conforme o contexto do cliente, mas geralmente contém cinco blocos essenciais:
- Objetivos estratégicos (macro)
- Visão clara do TO-BE da organização
- Ex: Escalar operação com novos canais digitais
- Capacidades e elementos arquiteturais impactados
- Quais capacidades precisam ser criadas, modificadas ou reforçadas?
- Quais componentes da arquitetura (negócio, dados, aplicações, tecnologia) são impactados?
- Iniciativas mapeadas e status de execução
- Projetos, squads ou frentes de trabalho ligadas a cada mudança arquitetural
- Estado atual de execução (não iniciado, planejado, em andamento)
- Indicadores de evolução arquitetural(quando possível)
- Ex: nível de maturidade de capacidades, cobertura de sistemas, nível de automação, interoperabilidade
- Linha do tempo / Roadmap de transição
- Fases da transformação alinhadas a marcos estratégicos
- Pode incluir entregas-chave, mudanças organizacionais e ganhos esperados
Nota sobre público-alvo:
O painel deve ser construído em formato único, com clareza executiva e conteúdo suficientemente fundamentado para orientar decisões técnicas e de gestão. Sua estrutura precisa equilibrar visão de alto nível com rastreabilidade, permitindo que tanto o C-Level quanto os líderes técnicos e consultores compreendam as conexões entre objetivos, arquitetura e iniciativas. A curadoria da linguagem é mais importante que a criação de versões distintas.
- COMO USAR ESTE PAINEL NA CONSULTORIA
Aqui é a fase do planejamento, da construção inicial. Orienta os passos e ferramentas utilizadas no processo.
- Mapear os objetivos estratégicos
- Obter do plano estratégico ou entrevistas com lideranças
- Apoiar-se em ferramentas como SWOT, OKRs, Balanced Scorecard, etc.
- Traduzir os objetivos em capacidades e arquitetura impactada
- Utilizar o mapeamento de design de negócio e arquitetura (TOGAF, por exemplo)
- Relacionar objetivos com mudanças em capacidades organizacionais
- Associar impactos esperados às camadas da arquitetura corporativa
- Identificar iniciativas em andamento ou necessárias
- Levantar projetos e frentes existentes
- Identificar lacunas de execução em relação à estratégia desejada
- Classificar por status: planejado, em andamento, não iniciado
- Estabelecer os marcos e prazos
- Conectar iniciativas a metas trimestrais, semestrais ou de longo prazo
- Estruturar roadmap com fases e entregas arquiteturais
- Definir como será o acompanhamento
- Estabelecer frequência de atualização (ex: mensal, bimestral)
- Designar responsáveis pelo painel
- Criar visualização adequada (board online, ferramenta de BI, PDF de governança)
- ACONPANHAMENTO CONTÍNUO
Aqui, temos a fase de execução. Passos importantes para acompanhamento.
- Atualizar status das iniciativas e revisar impactos arquiteturais
- Adaptar roadmap conforme aprendizados ou mudanças estratégicas
- Usar o painel em reuniões executivas para apoiar decisões
- Demonstrar valor da consultoria ao longo do tempo com clareza visual
Exemplos práticos
1. Empresa do setor financeiro em transformação digital
- Estratégia: oferecer atendimento 100% digital até o final do ano
- Painel mostra:
- Capacidade impactada: atendimento digital
- Arquitetura impactada: CRM, canais de comunicação, autenticação
- Iniciativas: novo chatbot, integração de canais, novo app mobile
- Status: 2 em andamento, 1 planejada
2. Indústria em expansão internacional
- Estratégia: operar em 3 países da América Latina em 12 meses
- Painel mostra:
- Capacidade: operação multinacional, compliance local
- Arquitetura: ERP multi-moeda, estrutura fiscal, BI regionalizado
- Iniciativas: rollout do ERP, estruturação de CSC, canal de vendas B2B
- Roadmap com fases por país
3. Exemplo simplificado de painel para acompanhar roadmap estratégico
Fase | Objetivo estratégico | Ação arquitetural | Camada | Responsável | Status |
---|---|---|---|---|---|
Q2 | Escalar canal digital | Implantar CRM com jornada digital | Aplicações | TI/Marketing | Em andamento |
Q2 | Escalar canal digital | Treinar equipe de atendimento digital | Negócio | RH | Planejado |
Q3 | Aumentar eficiência operacional | Automatizar faturamento e cobrança | Processos | Financeiro | Não iniciado |
Q3 | Operar na América Latina | Ajustar ERP para multi-moeda e idioma | Tecnologia | TI | Planejado |
Analogias ou metáforas
- O painel pode ser comparado a um “GPS estratégico”: ele mostra onde estamos, qual caminho estamos trilhando, e se estamos desviando da rota.
- Ou ainda: o painel é como um “guia de bordo” da transformação organizacional.
Perguntas frequentes
Preciso fazer um painel diferente para o C-Level e para o time técnico?
Não. Um único painel, bem estruturado e com linguagem adequada, é suficiente para conectar os dois públicos.
Posso usar ferramentas simples, como planilhas ou boards visuais?
Sim. O mais importante é a clareza do conteúdo e a disciplina de atualização.
Devo incluir metas e KPIs no painel?
Se houver indicadores arquiteturais maduros e vinculados aos objetivos, sim. Caso contrário, foque nas iniciativas e na visibilidade da transformação.