Software legado refere-se a sistemas ou aplicativos de software que, embora ainda em operação e atendendo às necessidades básicas de uma organização, são baseados em tecnologias antigas que não suportam facilmente a integração com novos sistemas ou a adição de funcionalidades modernas. Esses sistemas podem ser difíceis e caros de manter, modificar ou atualizar.
Esses sistemas são comumente desenvolvidos em linguagens de programação que já não recebem suporte do fabricante e cujo uso vem declinando progressivamente entre os profissionais da área técnica trazendo riscos e dificuldades para encontrar profissionais para manter as aplicações.
Um software se torna legado quando nossa capacidade de pagar dívidas técnicas é menor que a necessidade de adquirir novas.
Fernando Paiva
Contexto
O termo “legado” é frequentemente usado para descrever sistemas desatualizados, obsoletos e que são percebidos como um fardo tecnológico. No entanto, muitos desses sistemas continuam sendo críticos para as operações diárias das empresas. A noção de software legado se torna particularmente relevante em um contexto onde a velocidade de evolução tecnológica é alta e a pressão para adotar novas tecnologias é constante.
Aplicabilidade
O conceito de software legado é aplicável e relevante tanto para grandes organizações com sistemas desenvolvidos na década de 70 quanto para pequenas empresas que operam com tecnologias mais recentes, mas que já perderam suporte dos fabricantes. Essa compreensão é crucial para a gestão eficaz da obsolescência tecnológica, permitindo que empresas de qualquer tamanho antecipem os desafios associados à manutenção e atualização de sistemas. Independente do tamanho da empresa ou da antiguidade da tecnologia, entender o que constitui um software legado é essencial para planejar intervenções tecnológicas adequadas, garantindo a continuidade operacional e a segurança dos sistemas. Além disso, essa gestão previne riscos relacionados à incompatibilidade e ineficiência, suportando a inovação e a competitividade no mercado. Portanto, reconhecer a condição de software legado e agir sobre ela é fundamental para manter a saúde tecnológica e financeira das organizações, facilitando decisões estratégicas sobre upgrades, migrações ou substituições de sistemas.
Exemplos práticos
- Sistemas de transação bancária: Muitos bancos ainda operam com sistemas de backend desenvolvidos nas décadas de 1970 e 1980, que são essenciais para suas operações diárias, mas não suportam novas tecnologias de pagamento ou interfaces de usuário modernas sem extensivas adaptações.
- Software de gestão governamental: Programas usados para a administração de serviços públicos que foram escritos em linguagens de programação antigas como COBOL e não podem ser facilmente integrados com plataformas modernas baseadas na web ou móveis.
- Aplicações comerciais desktop antigas: Sistemas antigos feitos em Visual Basic e Delphi com baixa interoperabilidade com aplicações web.
Analogias e Metáforas
Um software legado pode ser comparado a um carro antigo que ainda funciona e atende às necessidades básicas de transporte, mas que não possui recursos modernos de segurança ou eficiência energética e é cada vez mais caro de manter.
Importância
Compreender o conceito de software legado é crucial para o diagnóstico preciso do ecossistema de aplicações de uma organização, essencial para planejar estratégias de modernização eficazes e para gerenciar o ciclo de vida do software de forma profissional. Ele impacta diretamente no planejamento de orçamento, na gestão de riscos, na continuidade dos negócios e na capacidade de uma organização de se adaptar às mudanças tecnológicas e de mercado.
Comparação com conceitos similares
Software Moderno: Diferentemente do software legado, o software moderno é construído com tecnologias atuais, facilitando a integração, a escalabilidade e a manutenção. Ele tende a ser mais adaptável às necessidades em constante mudança das organizações e dos mercados.
Perguntas frequentes (FAQs)
P: Quando um software se torna legado? R: Um software se torna legado quando não consegue mais atender eficientemente às necessidades atuais de uma organização devido à obsolescência de suas tecnologias ou quando a manutenção e a atualização se tornam excessivamente complicadas e custosas. Isso geralmente ocorre não apenas pela idade do software, mas também por fatores como a perda de suporte dos desenvolvedores, incompatibilidade com novos sistemas operacionais ou hardware, ou simplesmente porque novas soluções no mercado oferecem maior eficiência, segurança e recursos avançados. Portanto, um software pode se tornar legado tanto em grandes organizações que utilizam sistemas antigos quanto em pequenas empresas que dependem de tecnologias que, apesar de mais recentes, já não são mais suportadas. A identificação do ponto em que o software se torna legado é crucial para planejar a modernização e garantir a continuidade dos negócios.
P: Por que as empresas hesitam em substituir software legado? R: As empresas muitas vezes hesitam em substituir software legado devido a vários fatores críticos, como o alto custo financeiro associado à aquisição e implementação de novos sistemas, o risco de interrupção dos negócios durante o processo de transição e a complexidade de migrar dados e integrar novos sistemas com a infraestrutura existente. Além disso, em muitos casos, o software legado contém lógica de negócios única e personalizada que pode ser difícil de replicar em novas plataformas. Também há uma preocupação com a formação de pessoal para operar novas tecnologias, o que pode exigir tempo e investimento em treinamento. Por essa razão, a estratégia de modernização precisa ser planejada de maneira estruturada dentro da engenharia e da organização em geral.